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Coisas sobre a água e o ar

SERVIÇOS

Não bastassem todos os leões que os profissionais de FM precisam, além de domar, matar por dia, ainda existem os problemas que podem advir do controle recomendado de qualidade da água e do ar. No caso desse que respiramos, uma “saia justa” recorrente volta a incomodar, quando um daqueles laudos semestrais aponta irregularidade e os gestores corporativos logo responsabilizam a empresa encarregada da manutenção dos aparelhos de ar-condicionado ou a própria executora do Plano de Manutenção, Operação e Controle (PMOC). Lembrando que a Lei federal 13.589/2018 estabelece que o PMOC é obrigatório em todos os edifícios de uso público e coletivo, com a finalidade de realizar prevenção de doenças ou minimizar riscos à saúde dos ocupantes de ambientes servidos de sistemas de climatização.

“Só que nem sempre a responsabilidade é do prestador de serviço que faz a manutenção dos aparelhos”, alega o CEO da Conforlab Engenharia Ambiental Ltda. e presidente do Plano Nacional da Qualidade do Ar Interno (PNQAI), Leonardo Cozac. Segundo ele, “como há aquela crença dominante de que a qualidade do ar depende exclusivamente dos sistemas de climatização ou de manutenção do ar-condicionado, o contratante já vai logo cobrar providências do prestador. Às vezes, sim, a responsabilidade é mesmo do encarregado desse serviço, mas, às vezes, não”. E, nesses casos, Leonardo lembra outros fatores que podem interferir nas condições do ar: “por exemplo, um processo inadequado de limpeza do carpete, o uso de produtos químicos que emitem compostos orgânicos voláteis (VOCs), a presença de mofo no ambiente, uma reforma no local ou uma pane no sistema de exaustão dos banheiros pode ser motivo suficiente para uma avaliação negativa da qualidade do ar.”

É quando o profissional de FM precisa ter entendimento sobre essa dinâmica e levantar todas as possíveis causas do problema. As próprias normas NBR 17037/2023, que estabelece critérios e diretrizes para garantir um ambiente interno saudável e confortável para as pessoas, e a ISO 16000-40, recentemente traduzida para o idioma português pela ABNT, com descrição dos requisitos para um sistema de gestão da qualidade do ar interior, podem servir para auxiliar os mais diversos gestores corporativos a identificar os papéis de cada parte envolvida nesse processo.

“Se o Facility Manager tiver um plano de gestão da qualidade do ar, ele terá condições de identificar todas as partes envolvidas ainda na fase de implementação: o pessoal de limpeza, de reforma, de controle de pragas, de manutenção do ar-condicionado, de conservação dos ambientes, de RH, de saúde ocupacional, de meio ambiente. Enfim, uma série de players, cada um com sua responsabilidade dentro do prédio, sendo avaliados pelo o que podem impactar na qualidade do ar”, esclarece Cozac.

Eficiência energética

Outra brecha de conflito, ainda envolvendo o ar, tem a ver com o consumo sustentável e o custo financeiro de energia elétrica. As empresas, com foco no racionamento de luz e de capital, precisam equalizar a operação do seu sistema de climatização de acordo com a preservação da qualidade do ar. “Por exemplo, a abertura recomendada para a renovação do ar de um edifício, pela troca com o ar externo, ajuda a reduzir poluentes internos, vírus, patógenos e até o volume de CO2 liberado pelos ocupantes. Mas, a partir do momento em que essa renovação de ar é aberta, admite-se uma carga térmica maior, uma temperatura mais alta, como acontece em boa parte do nosso país devido aos termômetros elevados nos ambientes externos na maior parte do ano. Logo, ocorre que se consome mais energia pelo sistema de climatização, gerando um conflito de interesses, que deve, como todos os outros, ser mediado”, completa nosso especialista.

Água de beber

No caso desse líquido da vida, não é muito diferente. Os cuidados são inúmeros, proporcionais aos embates que podem ocasionar. Por isso, Leonardo Cozac recomenda que as organizações tenham algum sistema de gestão da qualidade também da água: “a empresa está recebendo água de uma concessionária, abastecendo suas instalações e nem sempre fazendo um pré-tratamento, porque acredita ser uma água de boa procedência, como normalmente acontece nas grandes capitais do país. Mas, como esse rigor não é garantido em 100% do tempo, só será possível atestar uma baixa eventual da qualidade bem depois, mediante algum laudo exigido, reclamação de mau cheiro ou de surto de doença”.

Para prevenir-se contra esses infortúnios, o ideal é ficar de olhos bem abertos à água que se consome. “Já existe no Brasil a oferta de sistemas de monitoramento da qualidade da água com custo bem acessível, a partir do qual se observa o líquido que chega ao prédio, com possibilidade de aferição, por exemplo, dos níveis de cloro, pH e de outros índices para se ter tranquilidade ao longo do tempo”, conforme avisa Leonardo Cozac, que ainda adverte: “não fazer esse controle, é expor-se ao risco de conflitos, principalmente com os usuários que são o maior e mais importante ativo dentro de uma empresa.”

Leonardo Cozac

Frase:Só que nem sempre a responsabilidade é do prestador de serviço que faz a manutenção dos aparelhos.

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