1º FM CONNECTION
Uma urgência de mudança dos “vieses inconscientes”
A força do hábito ou daquilo que já se consagrou é mesmo imperativa. E a forma como as pessoas se deixam influenciar pelos padrões de comportamento tradicionalmente aceitos pela sociedade é prova disso. Daí aquele desconforto interno que bate diante do diferente, do que não tem chancela social. Às vezes, o sujeito até gostaria de encarar com naturalidade, mas, se “narciso acha feio o que não é espelho”, o conservador ainda acha, no mínimo, esquisito. E há que se mudar essa perspectiva com urgência para o bem e a produtividade de todos, como se ouviu nas falas que levaram o tema “Diversidade, Equidade & Inclusão” (DE&I) à mesa-redonda do 1º FM Connection.
A tal sensação de desconforto, ou mesmo de negação, é fruto de vieses inconscientes que cada um carrega, como definiu o advogado Saulo Amorim, militante pelas famílias LGBTI+. E dentro do mundo corporativo esse desconforto ainda pode ser contraproducente: “Os vieses inconscientes estão marcados no discurso que se distancia da prática. De nada adianta uma empresa ter um discurso altamente articulado se, na prática, a diversidade não for uma realidade. De nada adianta você ter um grupo de colaboradores que dentro da empresa age de uma determinada forma, porque tem medo de tal política, mas da porta para fora se comporta de forma completamente diferente. É fácil inclusive de a gente perceber isso nas redes sociais — a temida política do cancelamento está aí”.
DE&I aumentam lucros e expectativa de vida
O Gerente Regional de Contratos Globais da Sodexo, Filipe Costa, responsável pelas operações da empresa em 17 países, com colaboradores transgêneros em todas as frentes, afirma que diversidade e inclusão trazem rentabilidade direta para a empresa e dependem urgentemente de capacitação: “a gente precisa de pessoas com paixão pelo assunto, exatamente para quebrar essas barreiras, para trabalhar essas pessoas, para garantir uma inclusão na equipe como um todo”.
Sentimento compartilhado por sua colega de empresa, Lilian Rauld, Gerente de DE&I da Sodexo on-site: “todo diamante é único, daí termos que nos convencer de que diversidade é a nossa realidade e inclusão é a nossa escolha”. Segundo ela, uma escolha que se torna ainda mais premente no Brasil, na medida em que somos o país que mais mata transgêneros no mundo, ainda mantendo a expectativa de vida dessas pessoas em poucos 35 anos.
FM transforma ambientes e salva vidas
Para Luiz Oliveira, fundador da TRUEColors (rede LGBTI+ da Shell Brasil), esse debate não poderia ser mais apropriado em um evento como foi o 1º FM Connection: “o profissional de facilities tem essa capacidade de fazer a transformação do ambiente, de fato, acontecer, a começar pelo lado concreto. No caso da TRUEColors, colocar uma luz diferente e adesivar os elevadores foram medidas que já geraram sentimento de inclusão, pertencimento, a avaliar por uma simples cordinha de crachá”.
Como fechamento do debate, o Gerente de Infraestrutura Predial, Manutenção e Facilities da Vivo, Roberto Vilaronga, fez um apelo emocionado à plateia, lembrando os repetidos casos de preconceito e exclusão que acabam levando ao suicídio: “como a Lilian Rauld falou, nós somos o país que mais mata, mas a gente também se mata. Então, eu gostaria de pedir que vocês saíssem daqui com isso, refletindo, debatendo essas questões, esclarecendo suas dúvidas”.
“Todo diamante é único, daí termos que nos convencer de que diversidade é a nossa realidade e inclusão é a nossa escolha”.
Lilian Rauld