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Flexibilidade para trabalhar, qualidade para viver

Ping Pong

Ele não tem dúvidas sobre o modelo de trabalho que irá prevalecer no mundo corporativo de amanhã. Tanto que seu livro lançado há pouco mais de um ano pela Editora Gente recebeu o título “Nem home, nem office – O futuro do trabalho é híbrido”. E as evidências estão aí…

FM Connection: Em seu livro “Nem home, nem office”, você aposta que o trabalho será híbrido no futuro. Essa é uma tendência, então, que veio para ficar? Por quê?

Tiago Alves: Sim, com certeza. Hoje, o trabalho híbrido já é mais que uma realidade. Acredito que, no futuro, não precisaremos mais ressaltar se o trabalho é presencial ou híbrido, pois essa já é uma exigência dos profissionais que estão no mercado hoje. E, ao considerar a geração Alpha, que realmente não quer fazer parte do presencial e prioriza a flexibilidade, vai ser inevitável que esse novo modelo de trabalho seja completamente adotado pelas empresas no futuro.

FM: Como o modelo híbrido de trabalho pode beneficiar a empresa e os trabalhadores?

TA: Existem muito benefícios, tanto para a empresa quanto para os colaboradores. Os principais, para a empresa, são a redução de custo do escritório e de transporte, além de colaborar com a diminuição na emissão de poluentes no meio ambiente. Para o colaborador, o tempo que ele ganha por não precisar se deslocar até o trabalho se traduz em qualidade de vida e, consequentemente, em maior produtividade e satisfação. Além disso, a empresa pode contratar talentos qualificados que não eram considerados antes, devido à barreira geográfica.

FM: No que tange aos profissionais de FM especificamente, que mindset esse modelo vem exigir?

TA: Basicamente o mindset de flexibilidade, adaptação e criatividade. Será muito importante estarem abertos às mudanças para que possam fazer a melhor gestão dos espaços de trabalho, que agora ficam distribuídos em diversos pontos, garantindo que a equipe tenha acesso a todos os recursos necessários para realizar suas tarefas. Vale ressaltar que, com esse modelo, os imprevistos são mais constantes e, por isso, vale ter sempre em mente soluções criativas para passar por essas situações da melhor forma possível.

FM: Jornadas flexíveis, alternando trabalhos remoto e presencial. Como ficam os espaços e as relações interpessoais?

TA: Tudo se resume à cultura da empresa. Quando se tem uma cultura forte e estruturada, é possível manter as relações interpessoais fortalecidas. Mesmo que as pessoas não se vejam todos os dias, o momento do encontro precisa ser especial e ter um significado. Nossa geração ainda gosta de se encontrar, conversar com o colega de trabalho e ter momentos de descontração. Então, é papel da empresa entender como isso funciona para sua equipe e garantir que todos os momentos sejam importantes para ela, tanto no presencial quanto no remoto.

FM: Como CEO de uma multinacional especializada em planejamento de áreas de trabalho, qual seria o melhor espaço ou o mais produtivo?

TA: Justamente por ser CEO e conversar com muitos líderes de diversas empresas, acredito que o escritório hoje precisa entregar aquilo que o colaborador não encontra no home office, ao mesmo tempo que esse espaço necessita ser tão aconchegante quanto um ambiente familiar. Então, vai depender do tamanho da equipe e da cultura da empresa, mas o local ideal é aquele que promove integração, conversa e estimule o pensamento criativo e a inovação. Às vezes, o espaço compartilhado, como um coworking, é um cenário ideal; porém, em outras vezes, o próprio escritório traz esse papel, com benefícios extras, como ser pet friendly.

FM: Quais desafios estariam postos para o modelo híbrido conduzir as corporações aos resultados esperados?

TA: Com certeza, a dificuldade na gestão de equipes à distância e a correta análise de resultados por colaborador. Manter o time engajado e conectado, com todas as ferramentas necessárias para a realização de seu trabalho, pode ser um impeditivo para alcançar os resultados. É preciso investir no treinamento dos gestores e em boas tecnologias que facilitem a comunicação e o trabalho colaborativo, sem que isso signifique uma quantidade interminável de horas de reuniões que só atrapalha o andamento do time.

FM: E, num cenário de tantas transformações, ainda há o que possa permanecer?

TA: Acredito que sim. É preciso que a comunicação se mantenha clara e eficaz, para que todos se sintam confortáveis e seguros em realizar suas tarefas. Além disso, mesmo que o híbrido seja o modelo principal a ser adotado, as relações humanas ainda contam muito. As pessoas gostam de saber com quem estão trabalhando e de criar uma conexão de verdade entre elas. Lembrando que, independente do modelo de trabalho escolhido, é de extrema importância que seja um ambiente saudável e que priorize o bem-estar e a saúde mental dos colaboradores.

É preciso investir no treinamento dos gestores e em boas tecnologias que facilitem a comunicação e o trabalho colaborativo, sem que isso signifique uma quantidade interminável de horas de reuniões que só atrapalha o andamento do time.


Tiago Alves
CEO da Regus & Spaces Brasil

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