3º FM Connection
Três anos após a covid-19 ter sacudido o mundo e virado as relações de trabalho de pernas para o ar, o 3º FM Connection optou por abordar o Modelo Híbrido, solução encontrada na pandemia, e com ele, a Comunicação Assertiva, mais importante ainda no meio corporativo. Como desdobramento do lockdown, quando se viveu como nunca o home office ou work from home, vê-se hoje o crescente modelo híbrido de ocupação nas mais diversas funções e empresas. E nessa alternância entre casa e escritório, reduzindo os encontros presenciais das equipes, exigiu-se que a comunicação se tornasse ainda mais planejada, precisa e, por assim dizer, assertiva.
Como um dos idealizadores do evento, Fernando Carrasqueira, destacou, “nós queremos discutir o modelo híbrido na perspectiva de entender como a comunicação pode promover a noção de pertencimento tanto em trabalhadores que estão em home office quanto naqueles que atuam no modelo presencial”. Ana Machado, também idealizadora do encontro, propôs uma dinâmica de dobradura de papel com algumas pessoas da plateia para acender o debate: “E aí? Todos conseguiram fazer o barquinho? Perceberam como orientações extremamente simples, comandos que, em tese, todo mundo conhece, não garantem por si só o resultado? Viram que é fundamental entender exatamente o que estiver sendo falado para acertar o alvo? Não por acaso dizemos que comunicação é tudo na vida da gente!”.
Por falar em “vida”, naquele 27 de abril de 2023, foi lançado o mascote do projeto, com nome escolhido pelo próprio público que se reuniu no auditório do imponente edifício Torre Almirante, no Centro do Rio de Janeiro. Batizado de “Conecta”, espera-se que o robozinho embaixador do FM Connection diga, quem sabe, a que veio: aumentar a conexão humana em torno do bem. Sintam-se já conectados!
Modelo híbrido chegou para ficar
Para uma plateia composta na grande maioria por pessoas já familiarizadas com a jornada laboral à distância, o CEO da Regus & Spaces Brasil – multinacional especializada em planejamento de áreas de trabalho –, Tiago Alves, não hesitou em declarar suas apostas para o amanhã corporativo. Autor do best-seller “Nem home, nem office – O futuro do trabalho é híbrido”, ele apresentou seus estudos durante a palestra em que comparou a pandemia da covid-19, de forma figurada, a um MBA irremediável que o mundo teve que cursar: “a pandemia, com suas estratégias de combate ao vírus, estimulou a prática de home office ou work from home, ensinando a todos, em tempo recorde, como viver nessa nova modalidade de trabalho, apresentando vantagens como flexibilidade, eliminação do desgaste no trânsito e otimização do tempo, sobretudo para as gerações mais novas, não habituadas ao paradigma presencial tradicional”.
Mas como “nem tudo são flores”, no trabalho remoto de casa não seria diferente. Junto aos pontos positivos, surgiram também os inconvenientes relacionados, muitos deles, a dificuldades de infraestrutura, isolamento social, sobrecarga familiar e controle de performance. De onde partiu a pergunta-chave de nosso palestrante: “se o home office, apesar de muito bom, não foi tudo que imaginávamos e ao escritório nem todo mundo quer voltar, como é que fica o meio do caminho?”.
Acertou quem respondeu “trabalho híbrido”. Só que, como o próprio Tiago Alves alegou, “não é apenas uma questão sobre casa ou escritório, é uma mudança de mindset da empresa, com mega benefícios como melhoria da saúde mental, aumento da produtividade e ajuda na preservação do meio ambiente e na retenção de talentos”. E por falar em “caça-talentos”, Tiago alertou que um dos ganhos trazidos pelos novos tempos tem sido decisivo: “hoje não existe arma mais poderosa para contratação do que a flexibilidade. Se vocês abrirem o LinkedIn na parte de vagas, vão perceber que todas as ofertas ou, pelo menos, metade delas têm o modelo de trabalho divulgado. Isso se traduz pelo fato de a primeira pergunta no processo de admissão, hoje, ser sobre o modelo de trabalho pretendido, antes até sobre o próprio salário”.
Comunicação não sai de moda
E no que tange às trocas de mensagens, elas devem ser mais assertivas do que nunca, consideradas as diferentes agendas de pessoal e os diversos dispositivos tecnológicos: “a comunicação em torno do híbrido tem que ser muito bem feita, com documentação dos projetos, preparo dos espaços e educação das pessoas. Aliás, nós temos treinamento para quase tudo dentro de uma empresa, mas quando é que somos treinados para atuar no modelo híbrido? Para sabermos questões do tipo: a que horas ir para o escritório, como usar o aplicativo de reserva de sala e outras ferramentas e quais são as regras de etiqueta adotadas”, explica Tiago.
Para finalizar, nosso convidado visionário e assertivo adiantou as tendências de trabalho híbrido para os próximos anos: “anywhere office ou ‘trabalho em todo e qualquer lugar’; semana de quatro dias ou jornada flexível; workations ou ‘trabalho com férias’, benefício em que o trabalhador ganha mais tempo além das férias regulares para, nesse caso, conciliar trabalho com viagens de lazer; GIG workers em que trabalhadores serão solicitados nos escritórios, via aplicativos, para diárias avulsas; ‘talentos nos campos’, em que a flexibilidade e a tecnologia permitem recrutamentos a longas distâncias e o ‘metaverso corporativo’, onde se darão interações virtuais”. Sejam bem-vindos(as) ao futuro!
Comunicação assertiva é a alma (e os ouvidos) do negócio
Após 15 minutos de “Painel Empresarial”, em que o CEO da Phitta, Sergio Bertucci, falou sobre o novo creme de proteção contra vírus e bactérias, com efeito superior e mais duradouro que o álcool gel, teve início a mesa-redonda cuja principal pergunta foi “Como a comunicação assertiva ajuda o FM a vencer os desafios trazidos pelo modelo híbrido?”.
Convidada para mediar os trabalhos, a Consultora de desenvolvimento humano e organizacional, Simone Carrasqueira, trouxe logo uma definição para o termo “comunicação”: “tecnologia social de conexão” que, segundo ela, faz-se 100% presente. “Não existe vácuo nas interações, pois tudo comunica! E hoje, com as informações super acessíveis, o problema não é mais o acesso a elas, mas como distinguir as que são essenciais e importantes em contextos de bits e bytes, inteligência artificial, fake news, entre outros. Já viram como está fácil viver nesse mundo, né?”, provocou a mediadora, acrescentando ainda que “o trabalho híbrido requer uma resignificação da maneira como nos relacionamos entre nós”.
Ao que a Administradora de empresas, Samara Peres, com mais de 20 anos no mercado securitário, somou com uma lembrança do confinamento a que quase todos foram submetidos, pelo menos, nos primeiros meses de pandemia: “antes o comunicar era tudo, incluindo a fala, os gestos e a linguagem de todo o corpo. Depois, como ficou isso numa tela onde o estagiário passou a ter a mesma dimensão do CEO? Porque, quando se coloca todo mundo numa sala remota de reunião, todos passam a ter o mesmo espaço e as mesmas ferramentas para se expressar. E, aí sim, a competência para se comunicar torna-se ainda mais relevante, porque, se eu não souber me posicionar nesse modelo, eu perco espaço”.
A aposta em comunicação é tão crescente no mundo corporativo que Samara mencionou o que bem acontece numa rede social de negócios e carreiras: “na plataforma do LinkedIn Learning, de dez temas que as pessoas buscam para se desenvolver, quatro estão relacionados à comunicação, porque, à medida que o mercado vem demandando essa competência, todo mundo procura aprender como fazer melhor”.
Empatia para falar e ouvir
Passada a palavra ao Gerente de operações corporativo na Ancar Ivanhoe Shopping Centers, Alex Gonçalves, ele reforçou a importância de uma comunicação empática quando se tem em jogo todos os chamamentos do “lar” nos novos ambientes de trabalho: “numa reunião por videoconferência, imaginemos quantos elementos estão ali para desviar ou chamar a atenção do profissional, desde filhos pequenos e pets que não entendem o ‘novo normal’ até o WhatsApp e as mídias sociais que nos capturam o tempo todo. Daí precisarmos implementar o esforço de nos colocar no lugar do outro para, enquanto gestores, investigar e compreender o porquê de um colaborador, por exemplo, não estar com a câmera ligada e, às vezes, liberá-lo até daquela call, ainda que, supostamente, por estar em casa, ele devesse ficar 100% disponível”.
Por último, o Gerente de facilities e travel na TotalEnergies EP Brasil, Fernando Fernandes, compartilhou os próprios dilemas de comunicação que teve que vencer. Primeiro, como falar para seus times de limpeza e manutenção, já historicamente mais sofridos, que eles não poderiam ficar em casa durante a pandemia? Segundo, como comandar uma equipe de quase 30 pessoas remotamente, tendo que ser solidário, inclusive, com eventuais crises de solidão e ansiedade? E, terceiro, após ele mesmo ter contraído covid e ficado em estado grave, com sequelas físicas por um tempo, como não deixar transparecer a revolta por tudo que vivia?
“A comunicação assertiva, para mim, veio com a comunicação não violenta, porque, primeiro, veio o ódio por eu estar passando por tudo aquilo. Depois, nas reuniões diárias que comecei a fazer com meu grupo, na intenção de saber como eles estavam no trabalho, comecei a perceber que eu não tinha que estar propriamente certo ou errado, mas tinha que falar a verdade e da melhor forma possível. E, nesse caso, tinha que ser incisivo sem ser grosseiro, amigo sem ser coitadinho e gestor sem ser o chefe.”.
Encerrando a noite, Simone Carrasqueira trouxe a ideia de que comunicar não se basta naquilo que se diz ou escreve, mas, sim, no que a outra pessoa entende do que foi dito ou escrito. Segundo ela, enviar e-mail, por exemplo, não é comunicar até que se verifique o que o destinatário entendeu sobre o texto, com a responsabilidade recaindo principalmente sobre o remetente. “Por isso, líderes, quando estiverem comunicando-se com suas equipes, chequem como as pessoas receberam a informação, o que elas entenderam, pois só assim vocês estarão sendo assertivos!”. Captaram a mensagem? 😉