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O desafio é buscar o equilíbrio

DUAS PALAVRAS

Mestre em Psicologia pela PUC-Rio, onde foi professora no Departamento de Psicologia, Maria Tereza Maldonado tem mais de 40 livros publicados, entre eles “O bom conflito”, da Editora Integrare. Não à toa recorremos a ela em busca das melhores soluções ou de orientações para encararmos, de frente, algumas adversidades da vida e do trabalho.

FM Connection: Diversos conflitos relacionados à família, causados por divórcio, problemas de saúde, luto e outros eventos, costumam afetar a razão e a emoção. Como minimizar seus efeitos no trabalho?
Maria Tereza Maldonado: Na estrada da vida de todos nós, há períodos em que caminhamos com mais facilidade e há trechos difíceis ao fazer a travessia da dor para reconstruir a vida. Por isso, em períodos mais tranquilos, convém aumentar nosso reservatório de recursos, nutrindo relacionamentos com pessoas com as quais podemos contar, praticando exercícios físicos, tendo alimentação adequada, buscando formas de descarregar as tensões inevitáveis (com meditação, dança, contato com a natureza, entre outras) e cultivando a espiritualidade (por meio de práticas religiosas ou pela valorização da vida). Esse fortalecimento interno é essencial para ajudar na travessia dos desafios que a vida nos apresenta, para que possamos descobrir, nesses momentos, que temos uma força que nem conhecíamos.

FM: A maneira como a sociedade lida historicamente com a maternidade não raro causa conflitos para mulheres executivas. Como elas devem lidar com isso?
MTM: A maternidade (biológica ou adotiva) é profundamente transformadora, marca um novo patamar de desenvolvimento pessoal. No entanto, por mais que a sociedade tenha mudado com relação à legislação e aos costumes (por exemplo, enfatizando a importância da paternidade ativa e do compartilhamento de cuidados com a casa e com os filhos), a sobrecarga da mulher em geral (e não só das executivas) é imensa.  Por isso tem se falado tanto na prevenção do “burnout materno”.

Apesar de alguns avanços, ainda predomina a ideia de que cuidar dos filhos é função da mulher. Então, no retorno ao trabalho, a maioria sofre com o sentimento de culpa por sentir que não está dedicada aos filhos como acha que deveria. A superexigência e a autocobrança cruel são outros fatores que intensificam o conflito (pensar que precisa desempenhar com perfeição os papéis de mãe e de mulher trabalhadora).

Com quem pode contar para construir uma rede de apoio para compartilhar o cuidado com os filhos? Como aproveitar do melhor modo o tempo de qualidade nesse relacionamento? Com homens e mulheres atuando como cuidadores e provedores, como está o relacionamento com o pai no sentido de ele exercer a paternidade ativa? São algumas reflexões que podem se converter em ações para lidar melhor com esse desafio.

FM: Sobre o etarismo, como resolver eventuais conflitos de geração no ambiente de trabalho?
MTM: O Censo de 2022 mostra que as pessoas com mais de 65 anos compõem cerca de 11% da população, um crescimento muito rápido do envelhecimento, que desafia políticas públicas e torna urgente o combate ao etarismo. Nesse sentido, abrir o mercado de trabalho para os idosos ativos e interessados em se aprimorar trará ganhos positivos para todas as faixas etárias de trabalhadores.

Na família e no trabalho, o convívio de diferentes gerações que ultrapassam a barreira dos preconceitos – “os jovens não sabem nada” ou “os velhos estão ultrapassados” – permite uma rica troca de saberes.

Lembrando que os conflitos surgem a partir das diferenças e que um dos princípios básicos da solução de conflitos é encontrar pontos em comum a partir das divergências, apostando na capacidade de todos para co-construir conhecimentos na base da cooperação.

FM: Enfim, como mitigar ou mesmo solucionar conflitos de ordens pessoal e interpessoal?
MTM: Conflitos nos relacionamentos são inevitáveis, na medida em que surgem das diferenças de opiniões, valores, visões de mundo. O que torna o conflito construtivo ou destrutivo é o modo de lidar com eles.

Os conflitos tornam-se destrutivos quando as pessoas envolvidas assumem posturas rígidas (“eu estou certo, você está errado”), sem escutar e se dispor a entender o ponto de vista dos outros. Acontece, igualmente, quando há abuso de poder (“eu mando, você obedece”).

O conflito pode ser motor de mudança benéfica para todos quando as pessoas se dispõem a atacar o problema, em vez de se atacarem. Deixam de ser adversárias para serem “sócias” do problema que precisa ser atacado. “Se juntos criamos o problema, juntos buscaremos a solução”.  Todos ganham com isso.

Os conflitos intrapessoais acontecem quando vivemos dilemas internos, em que uma parte de nós pensa, sente ou deseja algo e

a outra parte diverge. O hábito de desenvolver uma conversa interna entre essas partes em conflito pode contribuir para escolher uma determinada direção. Conversar com pessoas em quem confiamos ou, caso necessário, buscar ajuda profissional abre o campo de reflexão que nos ajuda a enxergar aspectos que estavam nebulosos. O fato é que podemos crescer e amadurecer a partir de nossos conflitos, sejam eles internos ou interpessoais.

Frase:Lembrando que os conflitos surgem a partir das diferenças e que um dos princípios básicos da solução de conflitos é encontrar pontos em comum a partir das divergências, apostando na capacidade de todos para co-construir conhecimentos na base da cooperação”.

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