DUAS PALAVRAS > LÉA LOBO
Empreendedora, administradora, jornalista, pós-graduada em Marketing, com MBA de Gerenciamento de Facilidades pela Universidade de São Paulo (USP) e mais de 35 anos de carreira. Profissional multidisciplinar, segue o perfil de liderança humanizada, que inspira por suas palavras e ações. Pioneira na disseminação do conceito de Facility Management no Brasil, é essa bandeira que ela levanta há mais de 23 anos por meio das plataformas de comunicação da InfraFM, hub especializado em Facility, Property & Workplace Management.
FMC: Considerada pioneira na promoção de eventos envolvendo o tema Facilities Management no Brasil, como você define esse conceito?
Léa Lobo: A atividade é tão importante que temos uma definição formal pela ISO 41.011: 2017 – “Função organizacional que integra pessoas, espaços e processos dentro de um ambiente construído com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das pessoas e a produtividade do negócio”. Então, minha definição é similar, considerando que FM é um grupo de especialistas que operam para que os prédios de trabalho funcionem do jeito certo, proporcionando bem-estar aos colaboradores e usuários e assegurando a continuidade dos negócios.
Falando sobre o que mudou na mentalidade empresarial com a atuação do FM: como era o antes e como estamos neste depois?
Humildemente, acredito que a InfraFM, em seus 23 anos de atuação, tenha ajudado a construir esse mercado, dando visibilidade aos profissionais que operam o dia a dia do FM. Muitas empresas ainda não conseguem enxergar o valor do FM, embora o mercado tenha evoluído muito nos últimos anos. Ainda temos um longo caminho para entregar um IFM – Integrated Facility Management maduro.
Nos suportes digital e impresso, a revista Infra FM foi a primeira especializada no assunto. Como ela surgiu?
Nos 23 anos ininterruptos de descobertas diárias com a InfraFM, nos movimentamos com o mercado. Nascemos apenas como uma revista em 1999. Em 2000 lançamos o Portal de Notícias e, a partir de 2004, começamos com os eventos. Realizamos mais de 60 eventos presenciais em várias regiões do Brasil e temos a maior feira do setor para FM que, em 2023, realizará sua 10ª edição. Muitas editoras fecharam suas portas ao longo dos anos, devido a questões econômicas e financeiras, e não acompanharam a transformação digital. Nós, por outro lado, sobrevivemos e mantivemos a revista impressa e digital, o portal de notícias e os eventos. Ou seja, temos um modelo de comunicação integrada que entrega para sua audiência conteúdo e networking de qualidade, dentro do escopo do Facility, Property & Workplace Management. Com muita responsabilidade, ética e compromisso, entregamos o que vendemos!
No tocante à produção de eventos do próprio setor, o que o FM veio agregar?
As organizações que têm um FM estruturado certamente são mais produtivas e rentáveis. Com os eventos, é possível aproximar “face to face” experiências profissionais e empresariais distintas, que, se somadas, fortalecem o setor de FM. Cada ano é um ano de aprendizados. Como resquício da pandemia, os profissionais que atuam na área tiveram que alterar sua rotina de gestão e houve um crescimento significativo do valor da atividade. Sempre exemplifico: uma coisa é você cuidar de 100 pessoas no escritório. Outra coisa é cuidar de 20 no escritório e 80 anywhere… O modelo de FM é vivo e se modifica com os desafios do mercado.
Nosso próximo evento, o 2º FM Connection, vai tratar de “sustentabilidade”. De que forma esse tema está relacionado ao FM?
n ESG é um tema amplo e traz o contexto da sustentabilidade no seu cerne. Uma das competências dos profissionais que atuam em Facilities Management é conhecer sobre essa pauta, afinal as empresas que não estiverem minimamente atentas a essa questão poderão ter sérios problemas no presente futuro. ESG vai além da sustentabilidade ambiental. Adotar práticas sustentáveis não é um luxo, é uma questão de sobrevivência e competitividade, por isso é tão importante que as empresas coloquem o tema em sua agenda de trabalho e que o Facilities Manager esteja pronto para desempenhar essa necessária demanda.
Como o FM impactou a sua vida?
Os impactos são diversos. Na vida profissional, eu acordo todas as manhãs com o propósito de conectar o FM em todos os lugares, o tempo todo, levando conteúdo e networking de qualidade. Na vida pessoal, exercer essa atividade traz o meu sustento e o da minha família. Ser empreendedora e ter um negócio próprio é desafiador e traz situações em que não há tempo para ter problemas, só há tempo para diariamente acordar motivada, despertar para as oportunidades e ser criativa para fazer o que precisa ser feito para que os resultados apareçam. Ter uma pequena empresa de comunicação focada em FM, em um país chamado Brasil, é um desafio duplo, pois é necessário ter energia para atender às expectativas dos nossos colaboradores, apoiadores, clientes e audiência como um todo. A sorte é que tenho uma equipe incrível e um insubstituível sócio: Luiz Nelson Ribeiro, meu amigo há quase 30 anos. Afinal, ninguém faz nada sozinho!
Com base em tudo que já acompanhou, arrisca dar algum “spoiler” do FM do futuro?
Nenhum (risos). Nós é quem desenhamos o futuro, para isso é importante a cada dia continuar estudando, entendendo tudo sobre tecnologia, economia, questões climáticas etc. Ou seja, é imprescindível ter um olhar sistêmico mundial, já que o mundo está “torto” e passa por uma séria crise de percepção. Às vezes, acreditamos que estamos fazendo algo certo e não observamos que esse certo impacta negativamente em outras áreas e pessoas… Para onde o mundo está se movimentando? Para onde as empresas que trabalhamos estão indo? O que ainda não foi feito? O que devemos fazer? Como estamos fazendo? Como estamos nos capacitando? Como estamos interagindo? Como estamos nos comunicando? Quanto ao spoiler, eu diria que estamos vivendo um momento no qual o tempo é uma máquina, que precisa ser gerenciada sob uma perspectiva muito mais humana e ambiental.