SEGURANÇA
Desde os tradicionais ou velhos conhecidos escritórios – cômodos projetados para acomodar simplesmente mesa e cadeira(s) –, muita coisa evoluiu na arquitetura corporativa. Até chegar aos espaços colaborativos e às estações de trabalho remoto – popularizadas durante a pandemia da Covid-19–, muitos conflitos foram sanados.
Há quase dez anos no cargo de Diretora de expansão na Regus – Soluções de Escritório, empresa multinacional presente em 126 países pelo mundo, a arquiteta Tania Costa é categórica ao dizer o que norteia o planejamento e a entrega de seus mais de 4.500 espaços de trabalho flexíveis em todos os continentes: “é preciso levar em conta a atividade a ser desenvolvida pelo colaborador, o tempo de duração e as ferramentas necessárias. E a definição do mobiliário deve facilitar a execução das tarefas, proporcionando conforto e ocasionando produtividade. Sofás, por exemplo, podem ser adequados para conversas e troca de ideias, mas, se o colaborador precisar usar um laptop e não tiver um local adequado para apoiá-lo, isso pode causar transtornos, no mínimo, de postura.”
O que ela fala tem a ver com o conceito de Activity-based working (ABW), uma teoria de workplace design que considera que cada tipo de atividade demanda um espaço específico para sua realização, posto que a ideia de “one size fits all” não funciona e acaba forçando pessoas a trabalharem de forma não ergonômica e pouco produtiva. “Se o espaço for projetado adequadamente, com móveis e equipamentos recomendados para cada atividade, a segurança ergonômica estará garantida e, com isso, serão evitados problemas de saúde laboral, o absenteísmo e a baixa produtividade”, acrescenta a arquiteta.
Outro ponto de atenção refere-se à acústica dos ambientes, em que espaços colaborativos e de descompressão tendem a ser os mais barulhentos devido à quantidade de pessoas que os frequentam simultaneamente/ao mesmo tempo. Nesses locais, se o colaborador estiver realizando atividade que exija um pouco mais de concentração, como resposta a um e-mail ou preparação de uma apresentação, o nível de ruído pode atrapalhar e atrasar a realização da tarefa. De acordo com Tania Costa, “algumas pessoas têm mais sensibilidade a ruídos do que outras, o que dificulta estabelecer o que seria um patamar sonoro razoável para um espaço de uso comum. Mas existem soluções de vários revestimentos, desde carpetes e forros com performance acústica até cobertura indicada para paredes.”
Na linha ainda dos sentidos, o que dizer do olfato? “É outro cuidado que deve ser tomado, principalmente, nas áreas de convivência com facilidades de alimentação, como copas e salas de café. Como a sensibilidade olfativa também varia muito de uma pessoa para outra, o cheiro de pipoca, por exemplo, pode se tornar o verdadeiro vilão do andar. E além dele, diferentes odores misturados costumam ser desagradáveis para a maioria dos indivíduos. Por isso, é importante ter boa ventilação, nem sempre possível em prédios corporativos cujas janelas nem abrem, e instalar equipamentos que reduzam o cheiro dos ambientes”, argumenta Tania.
E para quem pensou que não fôssemos falar propriamente da “Gestão de conflitos em FM” no planejamento arquitetônico associado à segurança laboral, nossa arquiteta executiva encerra com um alerta: “um projeto que considera os aspectos ergonômicos e a adequação do espaço às diferentes atividades é, por si só, um fator de diminuição de potenciais conflitos. Mas, no que tange ao profissional de Facility, há que convocá-lo lá na fase inicial do projeto, quando ele ainda pode ajudar a prever o problema, sem ter que, depois, ficar contornando crises entre colaboradores e buscando soluções para imbróglios que poderiam ter sido evitados.”